Olá, queridas, meu nome é Andrea Zelante, tenho 54 anos e venho aqui fazer um depoimento muito importante da minha vida.
Em novembro 2013 fui diagnosticada com CA de mama por meio do exame de rotina na mamografia anual, num momento em que a palavra câncer ainda era sinônimo de morte.
Logo que obtive os resultados dos exames meu mundo caiu porque eu estava engajada em vários projetos profissionais e cuidando de uma filha de 8 anos, cheia de sonhos por realizar.
Totalmente perdida, com a sensação de ter sido atropelada por um caminhão desgovernado, comprometendo a minha solidez, a segurança da rotina da minha vida! No entanto, com uma filha pequena eu não podia adiar meu tratamento. Com muita fé neste Deus que nos ampara sempre, passei pela cirurgia e pelas sessões de quimioterapias. E foi numa dessas sessões de infusão que conheci a Ana Maria O. Rosa. Lembro-me muito bem, era março de 2014. Eu estava acomodada numa poltrona, recebendo a quimioterapia, bem quietinha e sossegada, não querendo ser incomodada, quando chegou docilmente (kkk) uma senhora com sotaque argentino se apresentando por Ana Maria. Começamos a conversar e ela muito perspicaz, me convidou a participar de um encontro com outras pacientes, que estava acontecendo naquele dia, nesta clínica. Terminada minha infusão, constrangida, compareci educadamente a tal sala da confraternização. Quando adentrei no espaço fui surpreendida por uma FESTA 🥳 🥳 🥳. Todas as pacientes felizes, sendo acolhidas, ouvidas com respeito, tratadas com carinho e compreensão, ajudadas no que fosse possível. Ana Maria gritou meu nome e TODAS me acolheram. Comecei a chorar!!!
Foi uma explosão de emoções de um universo totalmente desconhecido. Muito obrigada queridas amigas por este momento tão enriquecedor em minha vida.
Foi a partir daí que comecei a entender que o câncer não era o fim, não era um castigo, mas sim, o início de uma nova era. A era do aprendizado.
Foi com o acolhimento, o carinho, o respeito, a troca das vivências com este grupo, que aprendi a exercitar a resiliência. O tratamento que no início era árduo tornou-se diluído entre “cúmplices”, o que me ajudou a ser mais forte.
Muita gratidão à Ana Maria! Mais uma vez Deus nos amparando e colocando anjos pelos nossos caminhos.
Toda esta experiência me fez mudar alguns valores. Comecei a ver a vida por outros ângulos: o que antes era primordial tornou-se desnecessário e o que era despercebido passou a ser relevante.
Comecei a sentir uma enorme vontade de retribuir todo amor recebido e o aprendizado desses 10 meses de tratamento. Foi nesse momento que passei a ser voluntária no Grupo de Apoio AMOR ROSA. Descobri que a perda do combo (peito + cabelo), abalava a nossa autoestima e isso interferia em nosso tratamento. Assim quanto mais trabalhada a nossa autoestima, mais felizes ficaríamos, consequentemente mais fortes e determinadas para continuarmos o tratamento com força, foco e fé.
Criamos no AMOR ROSA o cantinho da autoestima, e eu com ajuda de outras voluntárias instalamos muitas perucas maravilhosas. Lembro-me que as pacientes chegavam desanimadas, algumas com lenços, fraldas ou mesmo sem nada para proteger a cabeça, mas depois de algumas horas saíam dali lindas, com suas perucas personalizadas, de brincos, lenços, batons, cheias de amor, energia, esperança e determinação.
Aprendi que, quando restaurada a autoestima das nossas pacientes nesse processo de autoconhecimento, nos libertamos da pressão, do peso, da dor dessa doença e nos permitimos a levar o tratamento com mais leveza, ser mais resiliente.
Por isso que sempre digo que o câncer, na minha percepção, foi uma virada de chave na minha vida, a mudança de como conduzi-la, dia a dia.
Agradeço muito a Deus por ter colocado em meu caminho Ana Maria, todas amigas e voluntárias do IAR e todas as pacientes que passaram por mim. Nada foi por acaso. Aprendi a usar um pouco do meu tempo para ajudar os outras mulheres que estavam passando pela mesma situação que um dia passei. Isso é o amor incondicional.
Um grande beijo no coração do Amor Rosa.
Amooooo vocês todas!